domingo, 17 de junho de 2007

Conselho de Ética e Credibilidade

Na próxima terça-feira o Conselho de Ética do Senado vota o relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) que absolve o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), nas denúncias de que teria recebido dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de três anos.

Deve-se à reportagem do Jornal Nacional, na quinta à noite, o recuo no enredo preparado por Cafeteira, já que as provas do senador se mostraram frágeis diante dos novos fatos a respeito da venda de gado nas fazendas de Calheiros.

Se o presidente do Senado vai ser absolvido ou não por seus colegas ainda é cedo para se dizer. O que é certo é que, mais uma vez, a credibilidade da classe política está posta à prova. E com ela, a discussão sobre a validade do Conselho de Ética.

Os mesmos questionamentos também valem para a Câmara dos Deputados. Na Casa, se questiona as últimas decisões do Conselho, que decidiu não apresentar representação contra deputados acusados de quebra do decoro na legislatura anterior, como se as urnas tivessem absolvido-os de seus pecados.

De que vale o órgão se no momento em que é preciso dar sua posição a favor da credibilidade da instituição ele se apequena? Isso apenas contribui para aumentar a desconfiança sobre a capacidade do Congresso em punir seus pares e coloca em xeque a credibilidade da classe política. Fatos assim contribuem para que apenas 1% dos brasileiros confie nos políticos, conforme constatou recente pesquisa CNT/Sensus.

Se quisermos mudar este estado de coisas e que a população passe a reconhecer o trabalho do Parlamento, é preciso dar o exemplo. E ele começa por punir aqueles que desrespeitaram a confiança dos brasileiros e desonram a instituição. Fora disso será retórica, o que, convenhamos, o Brasil está cansado.

Bom domingo a todos.

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