terça-feira, 26 de junho de 2007

Aviões e balas perdidas

A violência já faz parte do cotidiano do Brasil faz tempo. Mas ontem, a 23 dias da abertura dos jogos Pan-Americanos, pela primeira vez o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, foi fechado por causa do tiroteio em favelas próximas.

As decolagens da pista 10 - que tem sua cabeceira a dois quilômetros do local do confronto - foram suspensas no fim da manhã por causa de um intenso tiroteio entre bandidos e policiais na Ilha do Governador. Com isso, os vôos da ponte aérea Rio-SP foram prejudicados. O pior é que não há qualquer garantia de que fatos como esse deixem de se repetir em um futuro próximo, apesar de um plano de segurança já ter sido anunciado para o Pan. A violência parece ter fugido do controle nas grandes metrópoles brasileiras, sem que as forças policiais, muitas vezes mal pagas e despreparadas para enfrentar o poderio das quadrilhas, consigam dar uma resposta satisfatória à sociedade.

Mas não é apenas essa violência que preocupa. Quando jovens moradores de condomínios na Barra da Tijuca páram o carro, às 4h, saindo de uma boate, para espancar uma empregada doméstica em um ponto de ônibus, percebe-se que há algo de muito errado com nossa sociedade. A agressão foi revoltante, pois nada justifica um ato de covardia contra quem quer que seja, especialmente partindo de garotos que têm tudo que o conforto pode proporcionar.

No País do "não dá nada", onde malas de dinheiro são transportadas em aeroportos e envelopes da corrupção frequentam os tapetes vermelhos dos endereços mais nobres da República, esses jovens imaginaram que nada lhes aconteceria, que seria apenas mais uma diversão arriscada em um fim de noite. A sensação de impunidade, que emana da classe política, se espalha pelos mais diferentes setores da vida nacional. E as consequências estão aí, para quem quiser ver: um País desestruturado que a cada dia perde seus valores e esperanças em dias melhores para esta grande Nação.

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