Quarta-feira, 23 de maio de 2007, 9h, quando toca meu telefone. Do outro lado da linha, Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara, convoca-me para uma reunião extraordinária do Colégio de Líderes na residência oficial da Presidência. Liguei para minha assessoria e desmarquei todos os compromissos da manhã, explicando minha ausência. Começava ali um dia histórico para o Parlamento brasileiro.
Durante mais de quatro horas, líderes de todas as correntes foram unânimes em pedir ao presidente da Casa que conduzisse o processo para varrer, de vez, a corrupção no País, começando pela Câmara. Se houvesse parlamentares envolvidos na Operação Navalha, que o presidente buscasse essas informações e tomasse as providências, pois ninguém mais tinha condições de conviver com a suspeição de que todos os políticos são iguais e que a corrupção é inerente à vida pública.
Muitos líderes manifestaram o desencanto com a carreira política, admitindo que esse poderia ser o último mandato. Diria que o encontro foi uma catarse, com lideranças dispostas a reagir e enfrentar o grave momento. Confesso que foi a melhor reunião de que jamais participei desde que cheguei à Câmara, em 1995. Pela primeira vez, vi homens dispostos a encontrarem soluções, sem disputa partidária ou disputa pessoal.
Pois no final da noite, depois de ouvir muitas sugestões, Arlindo Chinaglia anunciou ao Plenário que a Presidência, com a participação decisiva dos partidos e seus líderes, encaminhará projeto pelo fim das emendas de bancada ao Orçamento da União.
Essa medida é fundamental para fecharmos um dos gargalos da corrupção. Muitas emendas são apresentadas pela bancada e ficam sem rosto na peça orçamentária. São milhões de reais a cada ano. Mas depois de aprovado o orçamento, os interessados começam a pressionar os ministérios por sua aprovação e, não raro, estão buscanco vantagens pessoais. Aí nasce a corrupção e a malversação do dinheiro público.
Já as emendas individuais a que têm direito os parlamentares continuam em um primeiro momento, pois nesse caso, especificamente, o autor da emenda é identificado, o que facilita a fiscalização e o controle para a área e para que localidade o autor está direcionando recursos.
Pode parecer pouco, mas é um começo. É preciso avançar. Não há mais espaço para a corrupção nesse País. E ações mais vigorosas e urgentes são necessárias para identificar e punir aqueles que roubam, sobretudo, a esperança do povo brasileiro.
quinta-feira, 24 de maio de 2007
Um dia histórico para o Parlamento
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