A morte de um garoto de 13 anos em Mato Grosso durante simulação de um sequestro a ônibus é um fato revoltante e que demonstra o despreparo de parte das forças policiais no País. Outras quatro pessoas - sendo duas delas crianças - acabaram feridas e permanecem internadas.
Balas de verdade foram colocadas no lugar de balas de festim, apuraram os (i)responsáveis pela ação. Infelizmente, a constatação chegou tarde demais e a regra de "checar e rechecar", tão presente nas corporações, foi mais uma vez ignorada no serviço público. O fato se torna ainda mais grave por se tratar de uma tropa de elite, criada justamente para tratar de situações de risco. O teste foi um fiasco, com consequências irreparáveis para várias famílias.
Deve haver outras formas de treinamento envolvendo civis cujo método não seja o de mirar a cabeça de uma criança. O episódio é emblemático, pois apenas ressalta o sentimento de despreparo policial, e que não é exclusivo dos mato-grossenses. No Rio Grande do Sul, um jovem tenista há poucos anos foi morto por um tenente durante uma abordagem; no Rio, a cada dia novas denúncias são apresentadas, o mesmo ocorrendo em todas as grandes cidades brasileiras.
Mais do que salários e melhores equipamentos, está faltando um outro ingrediente em parte de setores da Segurança: respeito à vida. Só isso justifica que policiais atirem contra bandidos em uma perseguição, não importando se balas perdidas encontrarão corpos de inocentes, cujo crime foi passar pelo local naquele exato momento; ou ainda, a invasão de um coletivo lotado para um treinamento com equipamento real.
O País espera que treinamento adequado e o reconhecimento de que a população civil precisa ser protegida até mesmo da incompetência policial passe a ser uma preocupação maior do comando, para que fatos como esses parem de fazer parte do cotidiano brasileiro. Porque polícia é para servir e proteger, como o próprio lema das forças de segurança apregoa.
segunda-feira, 28 de maio de 2007
Despreparo ou falta de respeito à vida?
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