O anúncio da nova Tarifa Externa Comum (TEC) para a importação de calçados da Ásia que chegam via Mercosul, de 20% para 35%, não resolve o problema da cadeia produtiva. A intenção da Camex é boa, mas não impede a prática de dumping de produtos oriundos da China e muito menos iguala sua competitividade. Além disso, é tardia, pois dezenas de empresas já fecharam.
O principal problema não foi resolvido, ou seja, a desvalorização do dólar. Se o dólar se mantiver no patamar atual de R$ 2,00, a única saída será a desoneração tributária do setor, a fim de garantir sua competitividade. Muitos calçadistas já parecem resignados com a decisão do governo Lula de não interferir no câmbio além do que já vem sendo feito - a compra de dólares no mercado para conter uma queda ainda maior da moeda norte-americana, e transferiram operações para a China e Argentina, entre outros mercados.
No ano passado, propus o dólar-referência como alternativa à essa crise que atinge outros setores exportadores, como é o caso do moveleiro, fumageiro, metal-mecânico e móveis, por exemplo. A medida consiste na criação de um dólar para a exportação a R$ 2,60 a fim de garantir a manutenção de empregos e empresas. A diferença entre a cotação do dia e o valor exportado seria financiada pelo BNDES a juros de 8,75% ao ano, com dois anos de carência.
Certamente sairia bem mais barato ao País do que pagar mais seguros-desempregos, além do natural desaquecimento da economia. Como diria o PT e Lula em outros tempos, alternativas existem, falta vontade política. E o dólar-referência é uma alternativa a esse grave problema que assola o Vale dos Sinos e todas as demais regiões produtoras de calçados no Brasil.
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