sexta-feira, 6 de abril de 2007

A história e a crise

Zero Hora - 05/04/2007
Ana Amélia Lemos

Nos anais da crise detonada com o motim dos controladores de vôo, está registrado para a história o almoço de segunda-feira promovido pelo comandante da FAB, Junito Saito, com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), e o líder da oposição, Júlio Redecker (PSDB). O encontro perturbou o Palácio do Planalto. A iniciativa do comando militar foi buscar, no campo político, uma base de apoio para evitar que a quebra da hierarquia militar desaguasse numa crise institucional. Os dois líderes políticos deram respaldo à Força Aérea, que agora comanda o processo de desmilitarização do sistema.
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Crise
O comandante da FAB, Junito Saito, durante década e meia serviu na Base Aérea de Canoas e na de Santa Maria. Foi nessa passagem que conheceu o deputado Júlio Redecker (PSDB, foto), agora líder da oposição na Câmara. "Nessa crise, não faço oposição. Como brasileiro, ajudarei a sair do impasse", disse à coluna o deputado gaúcho.
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Crise 2
O almoço reuniu o alto comando da FAB e toda a oficialidade, em Brasília. Ali, os dois convidados especiais ouviram relato da situação. Os militares estavam abatidos com a quebra da hierarquia, descreveu Redecker. O contingente de militares da FAB que está diretamente ligado ao tráfego aéreo é de 13 mil, informou Junito Saito.
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Crise 3
Em meio à tensão, o tucano decidiu aliviar: "Não gosto desse número", brincou, numa referência ao 13 do PT. Chinaglia emendou bem-humorado: "Então fica entre 12 mil e 14 mil". Desse total, 3 mil são controladores de vôos. E aí que está o nó da desmilitarização. O controlador de vôo cuida do tráfego aéreo, mas o maior contingente trabalha na manutenção de radares, do sistema de radiocomunicação, meteorologia, supervisão e até aeronaves militares.
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Crise 4
Estão em funcionamento 79 radares, dos quais 20 novos instalados em 2002 na Amazônia (Sivam). Para evitar dependência de apenas um fornecedor, os equipamentos são importados dos EUA, da França e da Alemanha. A Venezuela tem apenas um radar para o tráfego aéreo. "Nosso sistema é moderno e não existe ponto cego em nosso espaço aéreo", teria garantido Junito Saito.
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Crise 5
As limitações orçamentárias da FAB e das outras armas foram reconhecidas pelo próprio presidente Lula, na segunda-feira. Isso inviabiliza a existência de um "estoque" de controladores de vôo para atender emergências, concluíram os deputados.
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Crise 6
O líder da oposição, Júlio Redecker, ofereceu algumas sugestões para desafogar o tráfego. Uma delas, transferir de Brasília e Congonhas para outros aeroportos parte do movimento. Recuperar rotas operadas pela Varig, usando o Rio de Janeiro como alternativa. Transferir a aviação executiva de Congonhas para Viracopos e Campo de Marte.
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Crise 7
Para a FAB, as medidas propostas escapam à competência militar. Estão na alçada da Infraero e da Anac, respectivamente, ponderou o comandante Junito Saito, durante o almoço que já integra os anais do "apagão aéreo".
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ana.amelia@zerohora.com.br

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