segunda-feira, 2 de julho de 2007

Mercosul patina na ideologia

Criado há pouco mais de 15 anos, o Mercosul iniciou com a marca da integração econômica entre os povos ao sul do Continente.

No final dos anos 90, chegamos a ter uma corrente de comércio de US$ 20 bilhões, fato comemorado por todos pelo ineditismo e, sobretudo, pelas oportunidades de emprego e renda geradas nos países-membros.

Uma rusga aqui, outra ali, o Mercosul seguiu seu caminho e, efetivamente, foi um passo importante para a afirmação de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai aos olhos do mundo. Pela primeira vez, depois de inúmeras tentativas fracassadas, havíamos lançado as bases sólidas para a integração na América do Sul.

As dificuldades enfrentadas pelos argentinos no início do Milênio abalaram o bloco a ponto de se temer por seu futuro. Contudo, a Argentina foi se recuperando e com ela a expectativa da volta de dias melhores.

Mas o Mercosul prevê desde seu lançamento o ingresso de novos países ao bloco. A integração é um sonho acalentado há séculos pelos sul-americanos e o Mercosul deu vazão a esse ideal. Ao mesmo tempo que representa uma oportunidade, é também uma ameaça quando misturado à ideologia.

A ameaça do momento chama-se Hugo Chavéz. O presidente/ditador da Venezuela aproveita o bom momento do preço do petróleo no mercado internacional para confundir política com ideologia. Com isso, aumenta sua influência sobre os demais países da região fomentando doutrinas ultrapassadas e que em nada contribuem para a integração.

Durante a última reunião de cúpula, realizada no Paraguai sexta-feira, mesmo estando no Irã, onde se reuniu com o presidente Mahmoud Ahmadinejad e com o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, Chávez voltou a criar embaraços ao bloco ao afirmar que a “direita brasileira e a uruguaia têm mais força” e estariam vetando o ingresso da Venezuela ao Mercosul. Disse ainda que não lhe interessava um Mercosul "marcado pelo capitalismo'' e que sair do bloco não seria problema porque sua prioridade é "construir um modelo de desenvolvimento próprio'' e "fortalecer a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba)'', que reúne Venezuela, Cuba, Bolívia e Nicarágua.

Chávez já provou que, a cada vez que estiver descontente, irá atirar contra quem quer que seja para defender suas posições. Esse é o risco que corremos ao ter um parceiro que coloca a ideologia como pré-condição na mesa de negociação. Aceito no bloco, Chávez vai criar novos embaraços à diplomacia regional em negociações com a União Européia e os Estados Unidos. É só uma questão de tempo para a bomba relógio explodir. Alguém duvida?

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