O "ultimato" que o presidente/ditador Hugo Chávez deu aos Congressos do Brasil e do Paraguai, na terça-feira, de retirar o pedido de incorporação da Venezuela ao Mercosul, caso os Legislativos do Brasil e do Paraguai não aprovem até setembro o protocolo de adesão, merecia uma nota de repúdio do governo brasileiro, porque o Brasil, na condição de membro do Mercosul, deve assumir compromissos democráticos. Estranhamente, no entanto, essa grave crítica de Chávez ao Parlamento brasileiro não desagrada o presidente Lula, que tenta disputar com o coronel venezuelano a posição de líder na América Latina.
O desrespeito de Hugo Chávez ao Brasil teve início com a recente agressão ao Senado brasileiro, chamando-o de "papagaio" dos EUA, em resposta a uma moção que pedia a reconsideração do cancelamento da licença de funcionamento da RCTV. Intransigente, Chávez manteve a crítica: considerou "impertinente" a sugestão do chanceler Celso Amorim para que ele fizesse "um gesto" em direção ao Congresso brasileiro, para dissolver o mal-estar que causou ao criticar o Legislativo do Brasil.
O presidente da Comissão Européia, o português José Manoel Durão Barroso, criticou à não-renovação da concessão do canal Rádio Caracas Televisão (RCTV) pelo presidente Chávez. "Nós defendemos em qualquer parte do mundo a liberdade de expressão. Sempre que há uma redução do pluralismo, temos o direito e o dever de expressar nossa preocupação", disparou Barroso durante a entrevista coletiva de encerramento 1ª Cúpula Brasil/União Européia, que contou com a presença do presidente Lula.
O presidente brasileiro, em Lisboa, assumiu, segundo a imprensa, um discurso conformista ao "ultimato" de seu colega venezuelano. "Para entrar [no Mercosul] tem que ter regras, mas para sair não tem regras. Quem não quer ficar não fica", disse Lula.
O presidente/ditador da Venezuela aproveita o bom momento do preço do petróleo no mercado internacional para confundir política com ideologia, fomentando doutrinas ultrapassadas e que em nada contribuem para a integração dos países latino-americanos. Reitero a afirmação de que, aceito no bloco, Chávez vai criar novos embaraços à diplomacia regional em negociações com a União Européia e os Estados Unidos. Pelo andar dos acontecimentos, a Venezuela perde a chance de ingressar no Mercosul, cujos estudos começaram na década de 1990, bem antes do presidente/ditador assumir o poder.
Na Câmara dos Deputados, apresentei requerimento (Requerimento Nº54/07) solicitando à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional a aprovação de Moção de Repúdio contra os atos praticados pelo presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, tendo em vista o fechamento arbitrário da emissora RCTV.
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